Em sua conferência apresentada em julho de 2016 na Associação Psicanalítica de Curitiba, Dominique Fingerman destaca que o encontro com o Real, que pode mobilizar uma entrada em análise, implica uma experiência de saber que começa com uma dor – radical no que diz respeito a uma sensação de si mesmo – e pode se transformar em questão quando esta dor encontra um endereço, um amor. Esta demanda de amor, quando sustentada pelo sujeito suposto saber, permite um desvio do abismo e possibilita a formulação de um enigma. Um enigma que aponta para a alteridade, para a diferença, para a falta, o berço do desejo, para além do equívoco e do sentido. É neste ponto que a psicanálise impõe sua originalidade na direção clínica: ao contemplar a falta de sentido e, a partir dela mesma, do mesmo material organizado pela lógica neurótica via fantasma, propor a criação, uma aposta criativa de subjetividade. Descobrir o Real em jogo, este mesmo encoberto pelas soluções neuróticas, onde o sujeito pode, neste trajeto que ultrapassa a cadeia significante, inventar sua existência.

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