PSICANALISE E LITERATURA – Nº. 27
Das letras que têm por fim – e começo – esburacar o real, quem há de dizer?
A literatura persegue a mesma ordem de bem dizer que o analisante em cada um de seus tempos da palavra.
Literatura que não é literatoda e nem para todo que tenta – uma análise não é para todo que diz.
Equivalência pertinente, dado que a letra não se entrega facilmente e sua evocação é da mesma ordem da evocação das larvas, como anuncia Lacan no Seminário XI. Embora o faça a propósito do analista sitiado, o analisante não sofre menos com as larvas que borboleta não viraram. Poetas, romancistas, letristas de música, além de graduandos e pós-graduandos de várias espécies, este conhecem de demasiadamente perto o que escrever em nome próprio acarreta.
A questão não é simples pois quem há de dizer o que, tantas vezes, vem hades dizer?
Se Lacan brinca na maré entre litoral e literal também é porque não se sabe onde o real começa ou termina, terra de ninguém que é. Assim Freud já suspeitava, quando definiu o sonho como acesso ao inconsciente e seu umbigo como cicatriz do real. Podia não manejar o conceito mas antevia tamanho e matéria.
VEJA AQUI O SUMÁRIO DA REVISTA