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“O pensamento é o ensaio da ação.”
(Sigmund Freud)

Aconteceu na APC

10 de Março de 2023 – Aconteceu na APC – Lançamento do livro “O laboratório do Analista”.  Quarto volume da série: Fundamentos da Psicanálise de Freud a Lacan, De Marco Antonio Coutinho Jorge

Na sexta-feira tivemos a alegria do encontro presencial com Março Antônio Coutinho Jorge que veio à Curitiba, na sede da APC, para o lançamento do seu último livro “O Laboratório do Analista”. A fala do autor foi uma transmissão fluída e acessível – do mesmo estilo da que encontramos na sua escrita – demostrando que os conceitos foram incorporados (fizeram corpo) de modo tal que dispensa repetir os jargões ou palavras dos mestres. Trata-se de uma construção que acontece nesse espaço litoral, entre ciência e arte, como o próprio Marco destacou, e permite encontrar seu próprio modo de dizer da teoria e da prática.

Texto de Andrea S. Rossi
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30 de abril de 2022 – Aconteceu na APC – Desanolamento de Cartéis

Se por um lado o desanolamento de um cartel pressupõe um desenlace a partir dos seus restos que se inscreve a partir de cada cartelando, os efeitos no espectador/ouvinte geram novos enlaces.

A partir do conceito de letra em Lacan foi possível articular a ação da escritura como efeito daquilo que se compara a posição do sujeito do inconsciente, pois Isso que enoda a letra e a transforma em palavra é a própria ação da escritura.

Tais articulações só foram possíveis desde o entrecruzamento dos temas presentes nesse desanolamento: literatura, escritura e desejo. Temas que na sua solitude compreendem apenas um texto, mas que na sua articulação desde a posição de ouvinte suscitaram semelhança e enlaçamento, o que demonstra a posição do sujeito enquanto agente da ação literária.

Tais conjecturas implicam desdobramentos preciosos, pois, assim como o sujeito precisa do significante para ex-sistir, a letra precisa da palavra para se presentificar. Ou seja, a letra enquanto materialidade não fala, mas faz efeitos a partir daquilo que enoda e faz laço com o Simbólico, a palavra, lugar do sujeito.

Diante desses pressupostos, o que justificaria tal enlace entre o conceito de letra e a similitude com a noção de sujeito em Lacan? Ou ainda, o que é isso que faz efeito de enodamento entre Simbólico e Real?

Aposta: desejo.

O desejo enquanto função em Lacan presentifica o enlace possível daquilo que chamamos em psicanálise de corpo – que nesta lógica só se faz corpo ao poder se inscrever com palavras em um talhe de carne -. Destarte, corpo como efeito deste entrecruzamento entre letras que forjam e, ao mesmo tempo, mostram a imaterialidade das palavras, que juntas evocam seu efeito significante. Palavras que por sua vez também se enodam e formam o sentido, o texto.

Se por um lado Lacan evocou o conceito de letra para demonstrar o desmonte da palavra, foi também para retificar seu efeito de limite ao Simbólico ao vincular a materialidade da letra, também, como efeito do Real.

Foi diante desse avesso de palavra, o osso, o que levou o leitor/ouvinte até uma presente angústia vinculada a materialidade do vazio da letra, implicando-o também, como efeito da escuta, a sua própria escritura que se materializou neste breve texto. Escritura essa, que faz singularidade no corpo, no texto e nas palavras. Enodamento possível com aquilo que faz causa ao sujeito, o desejo.

É nesse ponto que o inconsciente pode ser compreendido como sintoma analítico, ou seja, o inconsciente como produção inédita, não é algo a ser lido, mas algo a ser inscrito. Desta forma, a escrita pode ser compreendida como a própria produção do inconsciente. Além disso, assa mesma lógica também pode ser articulada a formação do analista, pois, se o cartel se formaliza a partir da declaração de um desejo como questão, seu desanolamento coloca em xeque e presentifica a posição do sujeito como autor da sua própria escritura. Tal escritura que faz corpo em ato. Escritura que tangencia a mesma causa, escrita enquanto palavras que bordeiam e circulam, Das Ding, desejo do analista.

Texto de Marllon Henrique Mendes Andriola

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29 de setembro de 2021  –  Aconteceu na APC  –  Lançamento do  livro “Los tiempo del duelo”

Na última quarta-feira escutamos a Adriana Baubab falando do seu livro “Los tiempo del duelo” que encontra-se na terceira edição e pode ser adquirido no formato iBook no site da editora Letra Viva https://letravivalibros.publica.la/reader/adriana-bauab-2021-2-ok?location=10
A voz falada da escritora nos entusiasmou a mergulhar no texto e aprofundar as ideias apresentadas no encontro. Destaco especialmente a função subjetivante do luto que possibilita transformar a perda em falta e consequentemente, reativar o desejo. Também, entre os tempos do luto, ressalto o suplementario, que nos permite avançar com Lacan no ponto em que o objeto perdido não é substituível, ou seja, considerar a função do luto para além da proposta freudiana – para quem a elaboração do luto culmina com a possibilidade de substituição do objeto perdido por outro ou por uma série infinita de objetos. O conceito de suplementario coloca a ênfase na produção de uma mudança de posição subjetiva en relação ao objeto.
Espero que este breve recorte provoque entusiasmo para a leitura deste livro!

Texto de Andrea S. Rossi

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11 e 25 de setembro de 2021 – Aconteceu na APC – Seminário Introdutório “Édipo e Identificação”

Freud com sua teoria acerca do Complexo de Édipo nos permitiu avançar na compreensão da constituição subjetiva, em nossos processos de identificação e nossas escolhas objetais. Lacan por sua vez evidencia a relação da vivência edípica com a questão “quem eu sou?”, marcando a passagem do reino da natureza para a cultura.
Se articular nas trocas em um grupo de estudos envolve lidar com a falta, construindo laços que nos permitam estar no social de forma mais simbólica.

Texto de Carmem de Oliveira

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Setembro de 2021  –  Aconteceu na APC  –  Grupo de trabalho “Intervenções em psicanálise”

A formação do psicanalista é permanente e ocorre na instituição de psicanálise. Informação sobre conceitos psicanalíticos existe muita, o cardápio é imenso e para todos os graus de envolvimento: de curta, media ou longa duração, no formato a distância ou presencial. Mas não são esses detalhes que garantem a formação. A formação em psicanálise exige muito mais do que a disposição de escutar alguém falando, ensinando. A leitura dos textos, principalmente dos grandes mestres, e a escrita do seu próprio texto colocam o analista em formação numa posição ativa na relação ao estudo, aos conceitos e aos movimentos que estes produzem na prática. Ler um texto e comentar a sua impressão, suas dúvidas e reflexões tornam o leitor um tanto co-autor daquele escrito. Ainda, quando essas reflexões são transformadas em escrita e compartilhadas com os colegas de formação através de publicações e apresentações orais a formação toma corpo.
Um analista precisa incorporar os conceitos ou, dito de outro modo, a teoria passa a formar corpo no analista e, quando isso ocorre, ele pode usar sua própria voz para fazê-los passar. É função da instituição convocar seus participantes a tomar a palavra e transforma-la em voz falada e escrita. Também é função da instituição oportunizar espaços para que esses atos sejam compartilhados.

Texto de Andrea S. Rossi

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20 e 21 de agosto de 2021 – Aconteceu na APC – Jornada de Desanolamento de Cartéis

A Associação Psicanalitica de Curitiba, realizou nos dias 20 e 21 de agosto, a segunda Jornada de Desanolamento de Cartéis do ano de 2021.
Ainda surpresos pelas dificuldades do momento, mas agraciados pelas produções deste dispositivo analítico que convoca a singular exposição de um peculiar trabalho em grupo, avançamos no trabalho da formação continuada.
Reconheço na transmissão o avanço da prática e teoria, e agradeço a todos que compartilharam com entusiasmo o debate de questões tão caras a nós tocados pela psicanálise.

Texto de Schenya Caroline Nunes de Oliveira

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31 de maio de 2021 – Aconteceu na APC Segunda Cultural “O Encontro das Línguas: La langue e Lalangue na Leitura do Literário”

Aconteceu na APC, na última Segunda -Feira de Maio “O Encontro das Línguas: La langue e Lalangue na leitura do literário” com Cezar Tridapalli.
Tivemos um encontro com Cezar Tridapalli, uma provocação ao desejo de saber, nos convocando a leituras que podem romper estradas sedimentadas para sementes encontrarem fendas para desabrochar. Muito obrigada pelas suas palavras Cézar!

Texto de Andrea Roa D’haese

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30 de Abril de 2021 – Aconteceu na APC – Mesa On-line As Sexualidades entre intolerâncias e diferenças o que pode a psicanálise?

“As questões levantadas por Gustavo e Tiago na mesa de debates sobre a sexualidade, foram bastante pertinentes ao mal-estar vigente em nossa cultura de início de século. As transformações sociais relativas à identidade de gênero e à sexualidade nos interrogam nos consultórios e ambulatórios”

Texto de Madalena Becker Lima

“O encontro possibilitou uma discussão bastante pertinente trazendo interrogações acerca das manifestações da sexualidade . Sexualidade que nos humanos é atravessada pela linguagem e pelo laço com o Outro, rompendo com uma determinação biologicista e que por este motivo não encontra correspondentes pré-determinados entre identidades e escolha de objeto. O que se destacou nas falas e nas perguntas foi o desafio clínico de colocar a psicanálise na direção de uma ética do desejo. Interessada em promover a escuta dos sujeitos e de sua época”

Texto de Gustavo Tonatto

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20 de abril de 2021 – Aconteceu na APC – Jornada de Desanolamento de Cartéis

Membros da APC reuniram-se no último dia 20 para testemunhar um percurso que culminou no ato de desanolamento de três cartéis. Temas que provocaram a efetivação de tantos encontros de trabalho e que ao serem concluídos – na medida em que isso é possível-, provocaram movimento de escuta e convidaram ainda mais os ouvintes ao enlaçamento nos conceitos que dia a dia instigam e sustentam a prática psicanalítica. Agradecemos a cada um pela contribuição a teoria, mas não só, muito mais por a nós entregarem parte da falta produtora de novas questões. Cartel é um continuum da análise pessoal articulado a teoria que testemunha o reconhecimento do não todo, mas ainda assim nos convoca a um saber fazer com a falta.

Texto de Andrea Rôa d’Haese

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20 de Março de 2021 – Aconteceu na APC – Encontro Inaugural Grupo de Trabalho “A Obra e a Clínica de Françoise Dolto”

Aconteceu na APC no último sábado a aula inaugural do grupo de trabalho “ A obra e a clínica de Françoise Dolto” ministrada por Dayse Stoklos Malucelli e entitulada ‘’ Quando mandamos embora Dolto pela porta, ela volta pela janela’’.

Um belo encontro que iniciou pela sensível homenagem prestada à Dayse, membro fundadora da Associação Psicanalítica, ao seu percurso pela psicanálise. A partir dos depoimentos de membros da APC, alguns deles seus ex-alunos, percebemos o quão importante é a transmissão do desejo que ocorre nos espaços frequentados pelos psicanalistas nas universidades de psicologia, no lugar da docência e supervisão.  No momento em que a teoria encanta, um laço de transferência é feito com o supervisor, que coloca os alunos a trabalho na arte da escuta, e é onde se darão os primeiros passos na clínica.

Outra homenagem foi prestada à Dolto, pelas palavras sempre generosas de Dayse, que nos contou um pouco de sua história, seu trabalho com as crianças e seus pais e sua importância para a psicanálise. Ela que foi a primeira a considerar o inconsciente da criança e a importância da palavra como forma de acolher o sofrimento. ‘’ Nos dizemos as palavras às crianças bem antes que elas saibam o que há por trás delas’’. Dolto, Françoise, 1908-1988.

Desejamos um ótimo trabalho ao grupo Madalena Becker Lima, Márcia Schaly, Katiuci Zorzi Moronte, Suzane Muzeka e Tiago Rickli.

Texto de Myriel Cristina Nóbrega.

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06 de Março de 2021 – Aconteceu na APC – Seminário do Real ao Traço na Formação do Analista

Um texto pode ser escrito em um instante único, como se fosse possível num toque de mágica ele se fazer. O escrito que apresento teve sua construção formal em um relâmpago da madrugada, porém consigo reconhecer que ele se fez de inquietações trabalhadas sobre a formação em uma instituição de psicanálise, a um longo tempo.

O movimento para convidar Clara Cruglack a compartilhar suas formulações conosco ocorreu ainda em 2019. Entre vaivéns e pandemia somente neste sábado dia 06 de março tivemos o prazer do escutá-la iluminando o tema – Do real ao traço na formação do psicanalista. Clara além de uma psicanalista ímpar também é artista e pinta telas e aquarelas, foi a partir do encontro com uma de suas obras (capa do seu livro a ser editado) que ao me encantar propiciaram as reflexões que aqui apresento.:

“A formação do psicanalista deve ser um tema permanente em uma escola que tem seu norte na proposta lacaniana, fundada a partir de uma experiência. Falar de psicanalise implica suportar o não todo, o conjunto que se mantém sempre aberto ao “mais Um”. A aproximação com o “ex-tranho” de nós (o estranho que ex-siste em nós), inquieta e aponta questionamentos ao modelo pronto/ acabado da totalidade; reconhecemos nosso infamiliar (das umheimilich) diverso a função adaptativa de uma cultura a ser consumida.

Para dar conta da insustentabilidade originaria, – própria a divisão do sujeito – há o amparo analítico que comporta um tripé, herança a ser conquistada por cada analista/analisante no seu percurso institucional. Tomar a psicanálise ao pé da letra, é ainda poder se abrir a ética da alteridade para se singularizar. Psicanálise é acima de tudo a ética de uma experiência que denominamos de inconsciente. E é do seu cerne que cardamos os fios em analise e construímos a tela de onde visualizamos as arcaicas garatujas da nossa história para escrever, transcrever e reescrever nossos – como comenta Clara -, contos infantis nos quais mesclamos os personagens, em que Chapeuzinho Vermelho pode caminhar no bosque com os 7 Anões e os Três Porquinhos dançarem com a Cinderela no baile do Príncipe Encantado.

Enfim a psicanalise nos convoca ao divã afim de trilharmos os caminhos de criação da nossa própria obra prima sobre o tecido tramado nas horas a fio do trabalho.

Portanto, o ensino da psicanálise não pode ser um saber antecipadamente empacotado, considerando que ele ocorre no um a um das lapidadas e singulares fendas do inconsciente. Razão pela qual me sinto convocada a interrogar, questionar e a tecer que para ensinar o que a psicanálise nos ensina, precisamos trazer a experiência a flor da pele daquilo que surge em transferência, mais ainda … lanço a aposta de que é d’Isso, que fala a transmissão.”

Texto de Andrea Rôa d´Haese ______________________________________________________________________

30 de Novembro de 2020 – Aconteceu na APC – Reunião Intercarteis

A reunião de cartéis de ontem a noite foi um bom encontro!!
Evidenciou que a circulação da palavra, a troca e construção de ideias e conceitos coloca em movimento as pulsões de vida e supera as perdas decorrentes do encontro on-line e deste ano pandêmico. Ano em que desaceleramos, reinventamos, mas não recuamos do desejo pela psicanálise e sua transmissão.
Advertidos dos excessos e desvios da vida on-line escolhemos fazer uma reunião fechada, apenas para membros e cartelandos.
Entendemos que a proliferação de lives, jornadas, seminários e encontros virtuais, de livre acesso ao público, em que um fala e muitos escutam pode ser uma maneira de divulgar a psicanálise, mas não tem nada a ver com a formação do analista atrelada a uma instituição. Pois um analista não se forma sem o encontro com outros analistas. Do mesmo modo que não há auto-análise também não existe auto-formação.
Nesta reunião discutimos não apenas a função dos cartéis como também a função da instituição psicanalítica na formação do analista. Pensamos que a experiência do cartel precisa ser vivenciada, pois faltam as palavras para nomear a extensão do que se passa nesse enlaçamento. Portanto, aqueles que não tiveram a oportunidade de participar deste encontro poderão participar da reunião que ocorrerá no início de 2021 e será aberta a todos os interessados.

Texto de Andrea S. Rossi

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13 e 14 de Novembro de 2020 – Aconteceu na APC – Jornada de Encerramento de trabalhos da APC,  Seminário Mal-estar, Sofrimento Psíquico e Medicação da Vida: Modo de Usar

A APC realizou nos dias 13 e 14 últimos, mais uma Jornada de Apresentação na qual seus membros deram o testemunho de produção do trabalho que desenvolveram no transcorrer deste atípico ano de 2020. Um ano que não terminou, e que escancarou a essência humana, uma “coleção incoerente de equívocos”, mas que apesar disso, ou só por isso pode criar momentos onde a letra – tomada ao pé da letra ou deslizando por significantes- torna-se o fio condutor da uma saída criativa frente a angustia. Arte que sustentou Joyce, Guimarães Rosa, Freud, Lacan e deve permanecer sendo o pilotis da Psicanálise.
Ao buscar uma resposta possível ao tema que nos guiou este ano, – a psicanálise é para todos?  – me arrisco a buscar em nossos ancestrais a expressão “coser tetos” para lembrar palavras que ressoaram neste encontro.  Sim a psicanálise é para todos aqueles que toparem viver a aventura de se escutar e se lançar para além das palavras ditas, e que encontrarem um espaço consistentemente oco para que a letra possa vibrar e revivificar.
E deixo aqui um brinde e um voto a todos colegas de que sempre possamos encontrar um lugar de entrelaçamento de palavras e escuta aberto a mudanças, reconhecendo não ser tudo nem todo nem pretensão de um dia estar pronto, mas pronta sempre a acolher o novo.
Grata a todos que com seu corpo e palavras colocaram algo de si neste frutífero momento.

Texto de Andrea Rôa d’Haese

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24 de Outubro de 2020 – Aconteceu na APC – “Reinvenções da Clínica Psicanalítica para o Autismo” 

Aconteceu na APC, no dia 24 de Outubro de 2020, o Seminário On-line “Reinvenções da clínica psicanalítica para o autismo” com Maria Cristina Kupfer, a qual ressalta o lugar do autista como sujeito e as contribuições da Educação Terapêutica para a clínica psicanalítica com crianças.

Na clínica com crianças concerne ao analista encontrar-se no lugar de Outro assegurador, como um Outro primordial, no lugar de transferência, aquele que auxilia na transposição os signos de percepção para a palavra, sendo contingente para a passagem dos registros psíquicos.

Em relação às crianças com entraves estruturais na constituição psíquica, Kupfer frisa o indissociável entre o biológico e pulsional, entre os tempos cronológico e lógico, para que reconheçamos a forma de defesa já se instalou a fim de nos orientar nas possibilidades de intervenção.

A proposta da Educação Terapêutica aponta eixos sobre a instalação de um prazer compartilhado, juntamente com a função de semelhante, posição esta viabilizada através da montagem de grupos heterogêneos, o qual proporciona a instalação de traços identificatórios entre as crianças. Logo, podemos pensar que “Educar é promover a constituição do sujeito e permitir que ele advenha no campo da palavra, para lançar-se às empresas impossíveis do desejo” (KUPFER, 2010, p.273)

Texto de Bárbara do Carmo Noviski Goncalves

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29 de Agosto de 2020 – Aconteceu na APC – Psicanálise para todos? Intervenções em Hospital Geral e Psiquiátrico

Escutamos o trabalho rigoroso, cuidadoso e delicado destas excelentes profissionais.
As suas falas nos mostraram uma psicanálise viva no dia a dia das instituições de saúde. Contaram, através de vários casos, que é nas sutilezas do encontro e do discurso que é possível dar lugar ao sujeito e sustentar a escuta psicanalítica fora do ambiente protegido do consultório.
Ainda, destacaram que esse campo extraterritorial da instituição, exige uma postura fronteiriça ou litorânea em que o psicanalista nem se submete e nem concorre com o discurso médico.

Texto de Andrea S. Rossi

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08 de Agosto de 2020 – Aconteceu na APC – Seminário Falar de Gozar

Ricardo Goldenberg esteve na APC  – no dispositivo zoom como não poderia ser diferente – cujo título da conferência foi “Falar de gozar“ que ele distingue o “falar de gozar” e o” gozar de falar “. Cito “Não é igual, mas ambos acontecem na ordem simbólica. Falar é produzir sentido. E gerar sentido põe em jogo algo incalculável, que em geral não coincide com a intenção primeira de comunicar. Algo a mais ou diferente que o analista recolhe a título de “sujeito do inconsciente “.

Esta observação já revela de cara o traço maior do palestrante, ou seja, a irreverência da transmissão que há anos o coloca como o “enfant terrible” da psicanálise paulista e suas extensões pelo país.

Foi um seminário calcado no seu último livro “Desler Lacan, Editora Langage,2018 -altamente recomendável não fosse só pelo texto que revira e revisa o modo que os brasileiros leem Lacan, mas também pela originalidade da diagramação, ele usa diferentes fontes das letras e até de QRcode , a profusão de notas de rodapé , o que torna a leitura uma grande aventura .

Insiste nas consequências clínicas e teóricas e o aprofundamento do conceito de gozo em Lacan fundada nas premissas de que “ o gozo seria outro nome da pulsão freudiana “ e a de que “o gozo não concerne ao organismo, o gozo não é empírico “.

Goldenberg começa a brilhante fala mencionando um conceito de Harold Bloom (1930 – 2019) crítico literário americano, de “leitor forte “e a partir daí denuncia a falta de uma leitura rigorosa dos psicanalistas por só terem disponível textos “estabelecidos “ por outrem e outras traduções equivocadas que deturpam, empobrecem a vivacidade e a legitimidade de Lacan. Situação que acaba empurrando-nos para a letra dos mais diferentes exegetas.

Lembra que dispomos agora da Starfela, site com toda a obra de Lacan, em francês, e que não foi estabelecido por ninguém.

Presta uma excelente contribuição ao distinguir “jouir” e “juissance” para que melhor nos situemos no famigerado conceito de gozo às vezes tão banalizado pelo uso corrente do termo, fora do contexto rigoroso da teoria.

O autor preza por um estilo “pop” conhecido por seus assíduos interlocutores ou colegas, mas não se afasta um milímetro da erudição pura e dura como por exemplo referencia texto clássicos como Filebo (Platão) onde neste diálogo discute-se o prazer, a finalidade da vida humana, a sabedoria e a inteligência.

Assim como brilhantemente nos lembra da “homem hegeliano” e o constante devir.

Diferencia de maneira cristalina o que se reconhece ser uma árdua tarefa o conceito de ser e ente – filigranas da filosofia clássica.

E brinca com ontologia e o neologismo da própria verve hontelogia quem quiser saber mais deste “jeu de mots “ direi o mesmo que ele disse na conferência, ‘vocês encontram no meu livro. ’

Por fim, e aí vão muitas falas elididas por absoluta dificuldade de reproduzir dado à sofisticação do discurso – mas ele acaba recomendando de maneira enfática a leitura (que pode durar um ano, ele lembra) de “Radiofonia “ que é uma entrevista feita com – sete perguntas elaboradas pela Radiofusão Belga em 1970 em que Lacan responde e estende suas respostas usando os conceitos dos estóicos, corpóreos e incorpóreos tão ao grado do palestrante para falar do tema que foi proposto: o gozo.

Para não deixarmos de complementar esta segunda parte da conferência, lembramos que este texto está nos “Outros Escritos “ à pagina 403 (editora Jorge Zahar) e que Ricardo diz que é possível ler com muita alegria. E é.

Texto de Dayse S. Malucelli

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23 de Julho de 2020 – Aconteceu na APC – Mini-curso APEGI (Acompanhamento psicanalítico de crianças em escolas, grupos e instituições)

Aconteceu na APC no dia 23 de julho o minicurso APEGI (Acompanhamento psicanalítico de crianças em escolas, grupos e instituições) com a Psicanalista analista membro da APC Rosa Mariotto e as Psicanalistas do Lugar de Vida Maria Eugenia Pesaro e Cristina Keiko de Merletti.

O evento contou com participantes interessados na promoção e na prevenção da saúde mental na primeira infância e foi uma apresentação do instrumento, mostrando como o roteiro permite uma leitura do processo de constituição subjetiva da criança a partir de 3 até 6 anos de idade e seu desenvolvimento.

O APEGI possibilita saber se a criança está enfrentando problemas de desenvolvimento ou se está diante de Entraves Estruturais em sua constituição psíquica, essa leitura do APEGI deve estar entrelaçada com o olhar e a escuta do profissional.  Levando sempre em consideração a maleabilidade psíquica da infância e enfatizando os efeitos nocivos para a criança de um diagnóstico fechado em um momento de plena constituição dos processos psíquicos.

O APEGI, construído com base na teoria Psicanalítica, está bem longe de ser um instrumento diagnóstico, busca pensar se há ou não necessidade de intervenção para cada criança e sua singularidade. Se houver necessidade de tratamento para que as defesas apresentadas pela criança não se fixem e não se organizem mais tarde em quadros graves, o roteiro de leitura do instrumento permite em um segundo momento, repensar o desfecho de uma possível intervenção a partir dos efeitos do trabalho psíquico da criança.

O APEGI permite que essa leitura seja feita em escolas, CAPS, intuições de acolhimento, situações clínicas e nos mais diversos espaços de infância.

Antes de mais nada um instrumento de leitura do processo de constituição do sujeito da criança e seu desenvolvimento que leva em consideração o laço constituinte e a singularidade de cada criança, sustentado, portanto, pela ética da psicanálise.

Texto de Eliane Gomes

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29 de Abril de 2020 – Aconteceu na APC – Psicanálise, formação, informação e deformação em tempos virtuais

Tivemos o nosso segundo encontro virtual, após 28 dias desde o primeiro, com a interlocução de Rosa Mariotto e seu seminário “Psicanálise, formação, informação e deformação em tempos virtuais”, a qual nos trouxe a seguinte inquietação: o que se espera do analista frente à pandemia atual?

Fez-se a questão sobre as modalidades de analistas que se colocam em jogo, frente ao real que se impõe. Como uma “carta na manga”, para a condução psicanalítica, temos o acolhimento, o qual nos convoca a continuidade dos casos em andamento, do mesmo modo em que, através das entrevistas preliminares a abertura para condução de novos casos.

Pela via do trabalho, cabe a nós estarmos advertidos dos possíveis embaraços para a sustentação da transferência. Sob as palavras de Dominique Fingermann, “Trata-se para o analista de saber aproveitar-se da ocasião oferecida pela transferência do sujeito, sabendo manter aí o seu lugar” (2016, p.73). Isto é, reconhecer as convicções psicanalíticas sobre a ocupação do lugar do saber da psicanálise e o lugar do analista na polis.

Ponderando que a redução, em nossas agendas, não nos coloca em posição de “estarmos em férias”, busca-se então uma reorientação na direção do jogo analítico. Logo, algo será abstraído a respeito da formação do analista, devido à condição de pandemia, para que testemunhemos, a posteriori, entre pares ímpares.

Texto de Bárbara do Carmo Noviski Gonçalves

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01 de Abril de 2020 – Aconteceu na APC – Psicanálise: transferência e atendimentos on-line em tempos de quarentena

Fomos convidados à troca de experiências em relação aos atendimentos sobre a quarentena na era virtual. Um desafio para até os mais ambientados com as tecnologias, pois nunca havíamos vivenciado uma pandemia como esta. A Associação Psicanalítica de Curitiba, como uma instituição de psicanálise, juntamente com os envolvidos na sustentação do campo freudiano, vem fazer jus à proposta do tema institucional de 2020, “Psicanálise para todos?”, ao realizar essa discussão.

Há um compromisso em manter o espaço da palavra em circulação por meio do estabelecimento e manutenção da transferência, seja em qual espaço físico que se dê, na condição do sujeito de não “emudecer” e não “desvirtuar” do que é essência da psicanálise.

Cabe a cada um reconhecer suas resistências frente ao real que se impõe e que por hora não irá cessar, para que não recuemos do desejo do analista. Como nos diz Freud sobre a resistência, em “A dinâmica da transferência” (1912, p.139) “[…] essa atração do inconsciente tem que ser superada, isto é, a repressão das pulsões inconscientes e de suas produções, desde então constituída no indivíduo, tem que ser eliminada”.

O compartilhar inicial das dificuldades na pandemia é o espaço de acolhimento, para a posterior engatar frente às demandas do sujeito do inconsciente, bem como, para que reconheçamos a ética que “Nós cuidamos da independência final do paciente ao utilizar a sugestão para fazê-lo realizar um trabalho psíquico que terá por consequência necessária uma duradoura melhora da sua situação psíquica” (FREUD, 1912, p.143).

Fica o convite, para todos, ao final desde ano, de compartilhar nossas experiências frente às questões de nosso tempo  na realização da nossa Jornada de Encerramento dos Trabalhos.

Texto de Bárbara do Carmo Noviski Gonçalves

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06 e 07 de Março de 2020 – Aconteceu na APC – Jornada de Abertura de Trabalhos da APC 2020

Aconteceu neste fim de semana, a abertura oficial dos trabalhos da Apc.

Na sexta-feira, a presidente Denise Pliskieviski Bueno, fez a abertura retomando a história da instituição, apontando trechos importantes da Carta de princípios que rege a APC, elaborada no ato de sua fundação.

Andrea Rôa d’Haese e Rosane Weber Licth, trabalharam o tema ” Esse complexo Desejo…”, enfatizando a herança cultural da linguagem, gancho, que Rosa Maria Mariotto aproveitou para apresentar e lançar seu livro ” Desmanual para pais e avós – a função dos excluídos na educação dos bolinhos de carne. Textos e falas poéticas, bem humoradas com profundo rigor teórico e prático.

No sábado, o tema ” Conversando sobre Psicose “, Denise Pliskieviski Bueno e Dayse Stoklos Malucelli fizeram reflexões acerca do sofrimento psíquico quando uma criança tomada como objeto e não como significante, fica separada da estrutura de linguagem impossibilitando o percurso do desejo.

As reflexões se encaminharam para discussão e debate sobre a intervenção do psicanalista na clinica das psicoses.

Agradecemos a todos que nos brindaram com a escuta e o debate em mais uma jornada de trabalho.

Texto de Juratriz Salete Ribas

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Setembro e Outubro de 2019 – ACONTECEU NA APC – Seminário A criança chegou no consultório… E agora?

Nos encontros Lara Bianchin trabalhou a construção das entrevistas preliminares com a criança e pais/responsáveis, a apresentação da queixa e o desdobramento da demanda, abordou a relação transferencial e o contrato de trabalho. Também foi trabalhado a avaliação clínica, que inclui a constituição subjetiva, as hipóteses diagnósticas e os indicadores clínicos de risco no bebê e na criança. O diálogo foi enriquecido com textos de Freud, Lacan, como autores contemporâneos e recortes clínicos atrelados a teoria.

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17 de Setembro de 2019 – ACONTECEU NA APC – Mesa A Criança diante da Morte: Histórias de um Adeus 

Dia 17 de setembro de 2019, APC contou com a presença de Allan Martins Molic e Rosa Marini Mariotto, que falaram sobre um tema muito delicado, que se configura quase que como um tabu: como abordar a morte com nossas crianças? Allan a partir de seu livro “A criança diante da morte: histórias de um adeus” e Rosa a partir de sua clínica.

Apesar de ser a única certeza que nos acompanha desde o nascimento, levamos a vida tratando de ignorá-la ou encará-la como uma contingência. Nas palavras de Woody Allen: “Morte? Sou contra!”

Experiência extremamente difícil, a perda dos seres amados nos remete a um impossível de dizer, compreender e experienciar. Frente a essa dificuldade, muitos adultos acreditam ser possível “economizar” essa dor para suas crianças, se calando. A vida mostra o contrário. Ao se calarem, acentuam a vivência de abandono e desamparo que essa experiência produz, obstaculizando um trabalho de elaboração possível.

Difícil, mas não impossível. Impossível lidar com o “impossível”, com o sem registro de nossa própria morte. Possível estar ao lado de uma criança, onde a partir de suas experiências com as perdas, o adulto possa favorecer a elaboração da criança na busca por algum sentido, colocando-a novamente na trilha significante que rompeu algum elo. Nas palavras de Rosa: “o Real que não se mastigou, fica indigesto”. Nas palavras de Allan: “Poder viver depois de ter sido feliz!”. Evento muito bom, sensível e enriquecedor!

Texto de Rosane W. Licht

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27 de setembro de 2019 – ACONTECEU NA APC: Mesa sobre Sujeito Contemporâneo com Claudia Serathiuk e Daniel Medeiros e lançamento da revista nº35 da APC.

Sexta-feira, dia 27 de setembro, lançamos o trigésimo quinto volume da Associação Psicanalítica de Curitiba em Revista com o título “Psicanálise e Contemporaneidade”. Além do lançamento, tivemos a satisfação de escutar Cláudia Serathiuk, psicanalista membro da instituição e Daniel Medeiros, historiador e filósofo.
O mal-estar na cultura, o sujeito contemporâneo, a fragilidade dos laços e o discurso de ódio vigente são alguns dos temas presentes na revista e costurados pelos palestrantes em suas falas.
Daniel Medeiros, percorreu alguns dos grandes pensadores da cultura ocidental. De Pitágoras a Kiekegard, passando por Sócrates, Platão e Epicuro, fez uma digressão por diferentes correntes filosóficas, cujas ideias, de acordo com ele, não nasceram a partir da curiosidade humana, como frequentemente observamos em alguns manuais de filosofia, mas do sentimento de temor frente a fenômenos naturais desconhecidos, à morte, às afecções, ao sofrimento, à falta de perspectiva de placidez. Daniel aponta para o empobrecimento das narrativas no mundo contemporâneo, sugerindo que diante da velocidade em que caminha a sociedade neoliberal e os avanços da ciência, o homem contemporâneo, impossibilitado de se apoiar em narrativas capazes de antecipar em alguma medida seu futuro, encontra-se desamparado.
Cláudia, neste mesmo fio, assinala que “quando se narra, a vivência passa a ser uma experiência, de causalidade própria. Deve-se assumir sua causalidade, que é a verdade do sujeito”. Questiona se a escassez de produções imaginárias não seria efeito “desse mundo pouco imaginado, pouco falado, muito vivido e pouco experienciado” num contexto de virtualidade e processos de produção inteligente. Pontua a importância do dispositivo analítico enquanto meio possibilitador de construção, de amarração dos registros psíquicos, que dão sustentação ao sujeito.
Ambos os palestrantes, cada qual pelo seu viés, no final das contas tocaram no Real, naquilo que insiste ao logo de toda obra de Freud e em cada seminário de Lacan. Como sabemos, Freud se apoiou nos grandes mitos; a partir do Real contido nas narrativas mitológicas, fez sua leitura acerca dos grandes mistérios da humanidade. Lacan, passa dos mitos à matemática da letra. Recorreu à matemática, às suas formas e aos seus paradoxos, a fim de pensar a castração, o Real da condição humana.
Cláudia encerra sua fala rememorando Freud em sua carta à Einstein, “Porquê a Guerra?”, no ponto em que ele afirma: “Mas uma coisa podemos dizer: tudo o que estimula o crescimento da cultura trabalha simultaneamente contra a guerra”.
Texto de Paula Attademo Barcellos

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29 de Julho de 2019 – ACONTECEU NA APCSegunda-Feira Cultural – “Mulheres Inventadas interlocuções entre Arte e Psicanálise”
“Como viver sem inventar-se? O ser mulher, o ser filha, o ser mãe. Como tornar-se mulher? O que faz uma mãe? Como se constrói o feminino? “A mulher é sempre inventada. Cada uma pode se inventar, na sua singularidade, seu sentido é dado por cada uma”. Claudia Serathiuk.

Texto de Lara Bianchin Pascke

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17 de Junho de 2019 – ACONTECEU NA APC: Seminário – FOCAULT o arqueologista do saber e o genealogista do poder, com A profa Dra. Inês Lacerda Araujo

A professora proferiu uma aula sobre Michel Foucault , filósofo francês ( 1926 – 1984) – Nos relata um pouco da vida controvertida de Foucault fundamentada nas duas importantes biografias e no “Ditos e escritos “ que é uma compilação de artigos ,entrevistas , arigos , onde aparece o demolidor de ideias , cáus*co em seus diagnósticos de nossa sociedade , nem desviante nem normal , inatual . Como lembra profa Inês em seu importante livro “Foucault e a crítica do sujeito “ –( editora UFPR , 2000) “ A velha esquerda o acusa de insuficientemente combativo e crítico , filósofo menor por se ocupar de temas pouco ortodoxos como loucura prisão e sexualidade , ou como guru da contracultura com seu pensamento pan:etário . Para os filósofos não é filósofo e para os historiadores não é historiador “Inês seguiu exatamente o ;tulo da aula “ Arqueologista do saber e o genealogista do poder “- destacando alguns livros fundantes definitivos na obra de Foucault , e que sempre é destacadoo quanto ele foi transgressor mas não anárquico . O primeiro trabalho que ela destacou foi o monumental “Historia da loucura na idade clássica“-1962 – sua tese de doutorado, supondo ser o livro mais conhecidos dos psicanalistas, fez uma breve introdução desde a Nau dos loucos na Idade Média e vai nos dizendo da substituição das correntes , que Pinel desatou , até chegar na medicalização da loucura,Considerou um trabalho da maior importância “As palavras e as coisas “1966 – onde Foucault vai mostrar as transformações por que passa o poder , cada uma das formações discursivas rompendo com a formação discursiva anterior .A partir dos anos 70 com “Vigiar e punir “ e nos três volumes da “Historia da Sexualidade “ passa a analisar as relações da prática epistêmica discursiva com as demais prátias sociais , que vai resultar em problemas concretos como a prisão e a sexualidade,,È importante lembrar que Foucault esteve por diversas vezes no Brasil para conferências e queestão publicadas em “Ditos e escritos “.Foucault não deixa de criar polêmica até com sua morte ,quando a Aids já avançara ele continua trabalhando todas as manhãs na biblioteca de Chaussoir para controlar as notas de roda pé de seus livros .Mas como lembrou profa Inês ele divertia-se muito com amigos, amores e carros .Algo que foi esquecido de lembrar “ a profa Inês mantém um blog que não pode deixar de ser lido por aqueles que se interessam pela filosofia , e também pela psicanálise . “Filosofia todo dia” – Não deixem de ler.
Texto de Dayse Malucelli

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25 de Maio de 2019 – ACONTECEU NA APC:
Seminário “Amor, desejo e gozo na contemporaneidade” – com o psicanalista Marcus do Rio Teixeira

Marcus do Rio Teixeira evidenciou em seu seminário a importância de escutarmos os desdobramentos do mal-estar vigente na civilização contemporânea. Sua fala nos remeteu ao enunciado lacaniano: “que antes renuncie a isto, portanto, quem não alcançar em seu tempo o horizonte de sua subjetividade”. Nessa linha também seguiu o argumento de Charles Melmann em “O homem sem gravidade”, convocando-nos a refletir sobre os modos de gozo que tem impregnado nossa época. Na sequência, de forma cuidadosa, Marcos abriu o conceito palavra-valise “desejo”, acentuando sua dimensão significante, intervindo em nossa tendência em dar significado ao conceito. Posto que a psicanálise é palavra viva submetida ao movimento metonímico e metafórico no interior da linguagem e do tempo, este que esteve em debate no seminário.
Revisitamos sob a ótica de nosso palestrante o quadro-fórmula da sexuação para pensarmos os conceitos de amor e desejo. Nos deparando com uma pertinente visada do quadro em dois andares, sendo que no primeiro “não há rapport” (proporção, relação) sexual, no segundo andar há de fato as singularidades de gozo dos sujeitos no âmbito sexual. Cada um goza de suas próprias fantasias e satisfações singulares. Não é possível fazer “um” com o outro mas sim usufruir da parcialidade de seu corpo. Nesse usufruto do desejo é o objeto parcial recortado no corpo que está em jogo, mas na visado do amor está o sujeito. Para desenvolver essa ideia do amor foram percorridos textos do filósofo Lucrecio, do escritor e filósofo Roland Barthes até Colette Soler. Do seminário ficou o desejo de escutar mais acerca do tema.
Agradecemos ao psicanalista e escritor Marcos por ter compartilhado conosco os efeitos de seu percurso, sua transmissão nos inspira!

Texto de Madalena Becker Lima

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09 de Maio de 2019 – ACONTECEU NA APC: Conferência –  “Desmame, Desfralde, Descame , Desligue, com a Psicanalista Rosa Mariotto

A Dra Rosa trouxe questões importantes para pensar o DES – separação, na relação pais e filhos: DES –mame, DES – fralde, DES –came, DES – ligue. Iniciando com a pergunta, se ser gente grande é separar-se dos pais, das mais diferentes formas, de que modo isso inquieta tanto na atualidade? Na sequência, nos convida a acompanhá-la na temática do DES, utilizando quatro elementos conceituais da Psicanálise. Primeiro o conceito de alienação e separação proposto por Lacan no Seminário 11, dizendo que o bebê “se liga”, se aliena, para alcançar a linguagem, mas na volta, há uma espécie de decepção, falta saber, falta objeto, o outro não me entende, separação. É um encontro, desencontrado.
Lacan no Seminário 4, retoma que toda relação de objeto é uma relação de falta de objeto, apontado que isso já estava em Freud (1895), no Projeto. Ao questionar de que falta se trata nessa relação, percorre as três formas de registros da falta: privação, frustração e castração. Ao se deter na dialética da frustração, apresenta a mãe como portadora dos objetos de dom, que carregam o afeto da relação e não valem pelo que eles são, mas pelo que eles têm de dom. E aqui se apresenta uma problemática na atualidade, a leitura que pais e educadores fazem da reivindicação de uma criança, há uma leitura ao pé da letra, que os faz ofertar objetos reais, quando a demanda é outra coisa, é o objeto de dom, a troca afetiva. Há na cultura, a disseminação da ilusão de que os objetos podem oferecer completude e uma valorização do objeto pelas características reais.
A operação da castração, desde uma releitura Lacaniana de Freud, é tudo aquilo que impõem a condição de impossível como organizador psíquico do sujeito e não de impotência.
Na sequência, Rosa apresenta as castrações simboligênicas descrita por Françoise Dolto, a qual coloca, que é somente após a castração, que um sujeito estabelecerá outros encontros pulsionais. Dolto propõe três castrações: a umbilical, oral e anal, as quais produzem perdas e ganhos. Portanto, a interação mãe e criança, desde os primórdios, precisa comportar um lugar vazio para fazer deslocamento, descolamentos, para que a subjetivação da criança ocorra.
Ao refletir sobre a maternidade, Rosa propõe que seja sobre “as maternidades”, no plural. E questiona qual o lugar que um filho tem para uma mãe hoje? E apresenta três posições: complemento, suplemento e sofrimento. Situa a maternidade como uma construção, que se cria, criando o filho. E, ao apresentar uma via para maternidade enquanto suplência, a coloca ao lado de uma posição feminina, apontando que Lacan no Seminário 4, propõe que uma mãe, seja transicional.

Texto de Sara Soriano

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26 e 27 de abril   de 2019 – ACONTECEU NA APC: Jornada de desanolamento de cartéis

“A experiência de desanolar um cartel é um momento de encontro consigo mesmo, com seu pensamento criativo e suas angústias que o próprio momento da escrita nos suscita. Escutar os demais colegas, nos seus vários temas, veio a nutrir o desejo pelo percurso singular e continuado na Psicanálise, em novas questões e possibilidades, principalmente na escuta clínica, na sua sensibilidade e no seu rigor ético.”

Texto de Marcia Salete Wisniewski Schaly

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22 e 23 Fevereiro de 2019 – ACONTECEU NA APC a abertura dos trabalhos com a Conferência: “O que se pode esperar da Psicanálise hoje? com Leda Bernardino. E também a mesa de trabalho com o tema Os impasses da clínica da atualidade frente às demandas urgentes” com Rosa Mariotto e Andrea Rossi.

Vejam o comentário de Rosangela Vernizi que participou do evento:

“O que se pode esperar da psicanálise, hoje? Não dá pra pensar a psicanálise separada do mundo que nos rodeia, não dá pra pensar o sujeito do inconsciente sem a estrutura que o forja, sem considerar o real de seu tempo, o real das coisas, o mundo material, a cultura. O real de uma geração de analistas, não é o mesmo real da geração seguinte de analistas, então o que a psicanálise pode esperar de nós? Cabe a nós analistas, tanto na transmissão quanto na clínica, deixarmos a psicanálise viva”

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11 de Março de 2019  – ACONTECEU NA APC

Conversando sobre A Formação do Psicanalista, com Vera Tubino.

Vera Tubino nos trouxe questões importantes e pertinentes para a atualidade sobre a formação do analista. Disse que as coisas andam meio confusas sobre o que é a psicanálise, mas que Freud nos orienta com clareza pela via da transmissão e da leitura do significante a justa direção do que é a psicanálise. Ele é claro no seu texto de 1914, “A História do Movimento Psicanalítico” onde insiste que o objetivo de uma instituição psicanalítica é proteger o campo e o o saber freudiano. Diz assim: ” fundo a associação oficial a fim de evitar abusos que haveriam de cometer-se á sombra da psicanálise” .

Vera Tubino discorreu sobre os meios que Freud deixou para atingir este objetivo e os articula com o que toma como eixo o saber Freudiano, o INCONSCIENTE. Os meios são:

1) ANÁLISE PESSOAL, a quem se propõe ao exercício da psicanálise.

2) CIRCULAÇÃO PELA INSTITUIÇÃO PSICANALÍTICA. Nesta, a garantia de transmissão que visa a produção de analistas, onde a formação enquanto conceito é efeito do significante oferecido pela instituição através dos analistas que se reconheçam como tal, e que são reconhecidos ao dar provas sobre o seu lidar psicanalítico e convívio.

3) SUPERVISÃO, porque cabe a cada analista responsabilizar-se pela sua clínica, e,por último,

4) CARTÉIS, a contribuição de Lacan que é o trabalho em cartéis como sendo a forma mais importante de estudo na formação analítica, porque nos traz uma exigência altamente simbólica.

Destacou que o eixo freudiano é o inconsciente e, esse, implica em cisão que vemos em todas as operações subjetivas, cisão esta, que Lacan considera como o primeiro jorro do recalque originário onde se instala a divisão do sujeito, a Outra Cena, que sustenta a clínica psicanalítica e orienta a escuta do analista. O analista vai se ocupar desta Outra Cena, tomando a realidade do discurso do paciente como meio para dividir, para que fora do sentido surja a criação, algo novo, outra posição subjetiva. Ou seja, na cisão, na Outra Cena o sujeito é chamado a implicar-se, a comprometer-se com seu gozo.

Ainda, ressaltou que a associação livre é a própria quebra de sentido, não há análise fora da associação livre, e quando isso resiste, e sempre resiste, é exigido da posição do analista que ele exerça a função de corte, abrindo espaço de redução de gozo. Essa é a diferença entre a psicanálise e a psicologia e não podemos confundir as coisas, a psicologia produz o fechamento de sentido. Não dá para dizer que é psicólogo e psicanalista, ou é uma coisa ou é outra. O acompanhamento psicológico é extremamente diferente do acompanhamento psicanalítico desde sua raiz.

Entendo que a Psicanálise é uma prática de experiência de corte estruturante, ou seja, um corte, como nos disse Vera, que provoque uma perda e dessa perda advenha um trabalho de luto e identificação do que restou desse luto. Identificação ao traço do que foi perdido,

castração simbólica. Trabalho de análise, supervisão, transmissão e estudo não se aprende, mas se constrói ao nível do encontro com o significante e das determinações subjetivas que daí advirem, então, a formação do analista implica na experiência do conjuntos destes meios.

A conversa foi muito proveitosa. Muito Obrigada Vera.

Denise Pliskieviski Bueno

Analista Membro da APC.